RIO DE GRAÇA | A temida e incrível trilha da Pedra da Gávea

07.06.2016

O Rio de Janeiro não tem o titulo de “Cidade Maravilhosa” a toa não. Suas belezas naturais são de deixar qualquer um de queixo caído e imaginando se aquilo que está diante dos olhos é verdade ou miragem. A cidade oferece um milhão de diferentes tipos de trilhas, escaladas, cachoeiras e passeios para você ver a cidade de diferentes ângulos e para constatar se o titulo é o não real. Aí vai de você saber aproveitar ou ficar só no mamão com açúcar de roteiro batido. Rs

Morando aqui, cada oportunidade que tenho me jogo para um canto diferente desse paraíso, para desbravar mesmo e ver o que o Rio tem de tão maravilhoso. Confesso que cada vez me apaixono ainda mais. <3 Rio.

Uma das minhas primeiras aventuras no Rio foi a Trilha da Pedra da Gávea, e se a primeira impressão é a que fica, eu jamais teria feito qualquer outra trilha. Isso porque decidimos na noite anterior que faríamos a trilha. Sem total preparo, noção e equipamento necessário.

Vamos fazer a trilha da Pedra da Gávea? – Vamos. Quando? – Amanhã? Fechou. Amanhã as 10h00 ok? – ok. Assim tudo começou… Rs

A PEDRA DA GÁVEA

Considerada uma das mais belas caminhadas da Cidade do Rio de Janeiro, a Pedra da Gávea é o maior bloco de pedra a beira mar do planeta. Com seus 842metros de altura, do seu topo se tem uma visão espetacular de 360º da cidade.

Foto: Rick Ipanema, que liberou o uso da imagem. Reprodução não autorizada

Foto: Rick Ipanema, que liberou o uso da imagem. Reprodução não autorizada

A montanha foi batizada com esse nome pelos portugueses que ao se aproximarem da costa do Rio de Janeiro identificavam esse marco geográfico importante para os navegadores da época com a “gávea” do mastro de suas embarcações onde ficava o marujo responsável por avistar terra a distância, cardumes e lajes de pedra no caminho. Além disso, inúmeras lendas e histórias fazem parte da Pedra, como a teoria de que na antiguidade a Pedra da Gávea foi visitada por fenícios que teriam escolhido a montanha como local sagrado onde um de seus reis teria sido enterrado e onde os mesmos teriam esculpido seu rosto no lado da Pedra oposto ao mar.

Reparem no formato dos olhos e nariz do imperador.

A TRILHA

Histórias e lendas a parte, a trilha se inicia quase ao nível do mar, na guarita do Parque Nacional da Tijuca, no final do Caminho do Sorimã. Um guarda, ocupado no celular, aponta para uma folha de papel, onde teoricamente todos que ingressam no parque devem deixar nome e telefone.
Logo na entrada um mapa da trilha: duas horas e meia de trajeto (pode ser mais, dependendo do seu ritmo) em meio a Mata Atlântica até o topo, em um caminho de 1,67 km. Como trilha é em ziguezague, a verdadeira caminhada é de, pelo menos, 2,5 km. As interdições estão estampadas em símbolos e a caminhada exige um bom (bem bom) condicionamento físico de seus participantes.

O caminho de pedras do inicio logo torna-se mais estreito e as raízes e os pedregulhos se alternam como escadarias naturais e algumas criadas pelo parque. Em menos de uma hora, chegamos a um paredão de pedra liso e é nossa primeira escalada. Aqui percebíamos que o negócio ia ficar cada vez mais tenso e dois dos nossos amigos desistiram. Uma corrente de metal e degraus feitos com ferro facilitam a subida. Sem eles teria sido bem complicado de subir.

Reparem o cara subindo ao fundo

A partir dai foi um jogo de superação onde tínhamos que vencer outras subidas íngremes, muitas vezes nos obrigando a passar por troncos caídos, raízes gigantescas, frestas de rochas… Mas na minha opinião esse é o barato da trilha. Mesmo com as dificuldades ainda estava “tranquilo”, já que essa parte do trajeto acontece na sombra. Raaaaras vezes o sol conseguia penetrar o manto de folhas que nos protegia.

Mas ainda tinha muuuuito chão pela frente! Rs

Um pouco mais acima o ponto de encontro com outras duas trilhas. Uma que vem da Estrada das Canoas, em São Conrado, e outra que liga a Pedra Bonita à Pedra da Gávea. Aqui acaba a sombra e a água fresca (literalmente). A trilha que já é ascendente e cansativa agora continua a céu aberto e com sol rachando, por isso não esqueça o protetor solar. Pelo menos protetor e repelente tínhamos (obrigado Ayata, sempre preparada <3).

A medida que vai subindo, o visual vai ficando cada vez mais incrível

Ao longo da trilha cruzamos com algumas pessoas que já estavam voltando e sempre acontecia de trocar uma idéia e matar a curiosidade (ou ficar com mais medo): “Como foi subir a Carrasqueira?”. Alguns dizem que foi tranquilo, outros dizem ter amarelado ou ficado tão tensos logo nos primeiros metros que resolveram não subir mais. Conclusão? A Carrasqueira é o ponto fraco de todos.

Completando 02:00hs de caminhada, finalmente chegamos a temida Carrasqueira. Esse é o trecho mais inclinado e perigoso de toda trilha, onde devemos usar os pés, mãos e muita concentração para escalar um paredão de pedra de aproximadamente 25 metros de desnível, ou seja, quase reto. É nessa parte que grande parte das pessoas desiste ou ficam travadas.

Como falei no inicio do post, nós fomos totalmente despreparados e sem material necessário para a escalada. Tivemos a sorte de ser final de semana, e ter uma galera subindo com o equipamento, pois se com ele já é perigoso e exige muita atenção, imagina sem… Mas ai vai a #DicaDoDoug com #ExperiênciaPrópria: Não conte com a sorte. Vá com equipamento ou então contrate um guia especializado, que te leva com toda segurança até o topo, auxiliando a galera durante a subida e descida com os devidos equipamentos. É realmente muito inclinado e é um deslize e você vai penhasco abaixo. Infelizmente é bem comum ver noticias de pessoas que se acidentaram nesse momento da trilha, por isso não vacile!

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Aí estamos bem nos pés da carrasqueira, e o clima já ficava bem tenso! Rs

Netto subiu como um macaco, sem ajuda ou corda. Brunna desistiu logo nos primeiros metros, ficando estática na pedra e pedindo ajuda pra descer. Berna deu um jeito e com toda sua garra turca subiu que foi uma beleza. Eu comecei a subir e no meio simplesmente TRAVEI. Nem pra cima, nem pra baixo. Confesso que foi a situação de maior pânico que já passei. Um bombeiro que estava lá começou a me guiar, gritando onde deveria colocar meus pés e mãos, mas eu não alcançava e sentia que se colocasse minha mão em qualquer outro lugar iria cair morro abaixo. TENSO!

Eis que Deus ficou com dó da minha pessoa e de repente uma corda surgiu. Perguntei de quem era, sem sequer olhar para os lados e o bombeiro gritou que era para eu agarrar a corda, então não pensei duas vezes, puxei a corda para ver se estava presa e me lancei, chegando ao topo da Carrasqueira em menos de 5 minutos. Cagado, mas lá em cima! hahahahah

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Essa é a vista de cima da carrasqueira

Aí você pensa: Ufa! Acabou! Nada disso meu lindo. Ainda tem 40 minutos de caminhada!!!

O desafio é recompensado quando você chega ao topo e se depara com a vista que se estende ao longo do Oceano Atlântico no lado sul da cidade, com suas praias de areias douradas, com o Pão de Açucar, Corcovado e a maior Floresta do Mundo.

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No lado oeste as Ilhas Tijucas, a Barra da Tijuca, o Recreio dos Bandeirantes e outras praias paradisíacas… Todo esforço e medo se fazem valer a pena!

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Alguns aproveitam o tempo no topo para fazer pic-nic, mesmo com o sol forte. Acho uma idéia interessante, afinal de contas dentro de algum tempo tem que descer tudo aquilo que foi subido né? Rs

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Mas nós já estávamos sem água e comida, pois tínhamos levado apenas 2 garrafas de 2 litros e algumas barras de cereal para 6 pessoas! #SuperPreparados

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A descida na Carrasqueira não foi diferente, afinal de contas tem que disputar um espaço na “fila”e tomar cuidado redobrado, pois agora estamos encarando o desfiladeiro cara a cara! 😉

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E ai? Você encara?

Claro que pra baixo todo santo ajuda e a dificuldade na trilha foi menor do que na subida, embora o trajeto seja tão cansativo quanto pois os joelhos precisam servir de amortecedor, recebendo uma carga equivalente a 3,5 vezes o seu peso corporal. É minha gente… Quem diz que essa trilha é pra todos, tá é louco! Rs

Levamos quase três horas para descer e durante um bom tempo fizemos na escuridão total, economizando a bateria dos celulares para usar as lanternas quando fosse realmente necessário, já que os #gêniosPreparados não lembraram de levar uma lanterna de “verdade”. 😀

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Olhando pra minha cara nem da pra dizer que estava com medo né? hahaha

Perrengues a parte, foi muuuuito divertido e gratificante! A vista realmente compensa todo o esforço, mas vale a pena lembrar que todo cuidado é pouco e que é importantíssimo respeitar o limite do corpo. Essa é uma trilha que exige muito preparo físico e se você não tem, opte por fazer outras, como a Trilha da Pedra Bonita, que também esta aqui no blog e não existe tanto preparo. Não façam como nós que nunca tínhamos feito nenhuma trilha e começamos logo na mais hard de todas!

Outra dica muito importante: vá PREPARADO! Leve água, comida, protetor solar, repelente.

Conclusão da brincadeira? 3 dias de dores musculares INTENSAS, alguns roxos e vários arranhões espalhados pelo corpo. Mas se me perguntarem, eu faria tudo de novo! Rs 😀

INFORMAÇÕES E DICAS

Tempo médio: 6hs (3 para subir e 3 para descer)

Nível: Muito Difícil. Exige excelente nível de condicionamento físico, com pequeno trecho de escalada.

Horário de visitação: 8 às 17hs (até às 18hs no verão)

Guia experiente: Contrate um guia experiente que irá te ajudar nos momentos mais complicados, prezando sempre por sua segurança.

O que vestir? Roupas e tênis confortáveis, de preferencia tênis com solado para trilhas.

O que levar? – Mochila resistente e confortável com os seguintes itens:
1- Garrafa de 2 litros d’ água;
2- Lanche de trilha (Sanduíche, Biscoito, Barra de Cereais, Frutas, etc…);
3- Boné ou Chapéu;
4- Protetor solar; Repelente; Saco de lixo; Óculos escuros;
5- Capa de chuva; agasalho, Máquina fotográfica;
6- Medicamento de uso pessoal e documentação(RG e carteira do plano de saúde)

Público: A trilha da Pedra da Gávea é indicada para pessoas com excelente condicionamento físico, acostumadas a fazerem atividades físicas regularmente e preferencialmente que já tenham experiência em caminhadas por trilhas.

Condições Climáticas e tempo de retorno: Sempre confira as condições climáticas antes de sair e calcule bem seu tempo de retorno e caso anoiteça e você se perca, espere o socorro. Não ande pela mata!

Deixo aqui um site ótimo com várias informações e curiosidades sobre trilhas: http://www.trilhandomontanhas.com.br/

Espero que vocês gostem e se divirtam!

Beijos,

Doug Pelo Mundo.

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  1. rick ipanema

    Voce esta usando uma foto minha sem autorização,
    mas como não é um blog comercial, vou permetir, mas por favor poderia colocar
    o credito Rick ipanema, e dizer que foi usado com permissão e que é proibido a reprodução

    • doug

      Done 🙂